quinta-feira, 21 de julho de 2011

MS: advogado é condenado à prisão por racismo contra índios

A Justiça Federal em Dourados (MS) condenou o advogado Isaac Duarte de Barros Júnior a dois anos de prisão por racismo contra indígenas. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), a sentença, datada de 6 de julho, mas divulgada nesta quinta-feira, é inédita no Estado, que conta com a segunda maior população indígena do País. Isaac escreveu um artigo no jornal O Progresso que afirmava, entre outras coisas, que os indígenas seriam malandros e vadios.
O MPF ajuizou duas ações na Justiça Federal contra o articulista: uma penal e outra por danos morais. Na última, é exigida uma reparação que pode passar de R$ 30 milhões. Com o resultado da sentença penal, a ação por danos morais, que estava suspensa, deve voltar a tramitar.
Isaac foi condenado com base no artigo 20 da Lei 7.716/89, que define os crimes de preconceito de raça ou cor. Na sentença, o juiz afirmou que a liberdade de expressão não é uma garantia absoluta. "A dignidade da pessoa humana, base do Estado democrático de direito, prevalece sobre qualquer manifestação de pensamento que incite ao preconceito ou à discriminação racial, étnica e cultural".


Artigo se chamava 'Índios e o Retrocesso'

O artigo foi publicado em 27 e 28 de dezembro de 2008, sob o título Índios e o Retrocesso. Nele, o advogado utilizou os termos "bugrada" e "malandros e vadios" para referir-se aos indígenas. Em outro trecho, disse que "a preservação de costumes que contrariem a modernidade são retrocessos e devem acabar".
O articulista também criticou o processo de demarcação de terras indígenas no Mato Grosso do Sul: "o que necessitamos, com maturidade responsável, é dar urgente finalidade social e produtiva a todos os quinhões brasileiros, inclusive aqueles ocupados por índios malandros e vadios".


Culpa jogada na TV e em avô

Chamado a se explicar, o articulista negou à Justiça o que havia escrito e atribuiu suas ideias a um avô e a programas de TV, afirmando que "os donos da terra são os silvícolas e deve haver uma distribuição de terras aos indígenas(...) que ao seu ver bugre é bandido, índio não". As alegações não foram aceitas.


Fonte:
14 de julho de 2011 • 17h14

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Audiência Pública “Contra a Criminalização e a Violência aos Povos Indígenas”.

A Câmara Municipal de Campo Grande sediará na próxima quarta-feira (13), a partir das 9 horas, a Audiência Pública “Contra a Criminalização e a Violência aos Povos Indígenas”.
O evento, organizado pela ARPIPAN – Articulação dos Povos Indígenas do Pantanal, com o apoio da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Câmara, Conselho Estadual do Direito do Índio, Conselho Municipal dos Direitos e Defesa dos Povos Indígenas de Campo Grande, FUNAI e Comissão Permanente de Assuntos Indígenas da OAB/MS, entre outras entidades representativas dos povos indígenas de Mato Grosso do Sul, deverá reunir autoridades municipais, estaduais, vereadores, lideranças indígenas de todo o Estado e representantes das comunidades Terena, Kadwéu, Guarani-Kaiowá, Guató e Kinikinaw.
A proposta do evento é discutir a criminalização das lideranças indígenas e a violência contra os povos indígenas em Mato Grosso do Sul, como o atentado ocorrido em 03 de junho, na Aldeia Cachoeirinha, em Miranda, quando quatro pessoas ficaram gravemente feridas, entre elas um motorista e três estudantes residentes na aldeia.
O ônibus em que se encontravam os estudantes foi apedrejado e parcialmente incendiado, quando garrafas de vidro em chamas foram atiradas contra o veículo. Os quatro feridos sofreram queimaduras graves em várias partes do corpo e deles, três ainda continuam internados na Santa Casa de Campo Grande. Além de violência e a da criminalização de lideranças, a Audiência Pública deverá debater também a retomada e a ampliação dos territórios indígenas no Estado e em todo o País. Relatório do CIMI – Conselho Indigenista Missionário, de 2009, aponta que naquele ano de 59 áreas definidas para demarcação, apenas 9 foram efetivamente homologadas pelo Governo Federal.
Ontem, ao fazer uso da Palavra Livre, na Tribuna da Câmara, o vereador Athayde Nery (PPS), vice-presidente da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos do Legislativo e um dos principais defensores das causas indígenas no Estado, falou sobre a importância da audiência e relembrou o atentado ocorrido em Miranda. Voltando a destacar a “indiofobia”, termo que o vereador já havia usado em sessão da Câmara à época do atentado, Athayde Nery ressaltou que o País “precisa voltar seus olhos ao nosso povo mais sofrido, que é a comunidade indígena” e conclamou os vereadores a participarem do debate do dia 13 de julho. “Esta Casa não pode ficar silenciosa, como nunca ficou. Temos de trazer para cá os grandes debates, porque o que esta Casa faz e fala repercute e repercute de forma significativa junto à sociedade”. Na avaliação do vereador, “a luta pela dignidade não para e não pode parar”.


Fonte:
Assessoria de Imprensa

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Funai começa a avaliar benfeitorias em terras indígenas para pagar indenizações

Avaliação está sendo feita por grupo de trabalho de Brasília e MS

O GT (Grupo de Trabalho) da Funai já começou a avaliar benfeitorias feitas pelos produtores rurais nos 17 mil hectares de terras declaradas indígenas, na região de Sidrolândia, para calcular as indenizações a serem pagas aos produtores.
A equipe é composta por dois agentes da Fundação de Brasília, o engenheiro agrônomo Marcelo Domas Bresolin e o agente em indigenismo Helton Fernandes de Barros. Da Fundação Regional estão o chefe de Monitoramento Ambiental e Territorial da Funai Ricardo Araújo e o assistente administrativo Jorge das Neves.
O grupo foi instituído para fazer o levantamento, depois da publicação no Diário Oficial da União, ocorrida na segunda quinzena de junho. Eles vão a campo, farão a apresentação do material técnico, a avaliação devidamente calculada e acompanhada do relatório fundiário à Funai de Brasília.
O GT tem o prazo de 30 dias e 32 propriedades que estão entre os 17 mil hectares para avaliar. Em 2001, quando houve a declaração das terras, um grupo fez o mesmo levantamento, mas agora é preciso atualizar os valores, explica a Funai.
Serão analisadas benfeitorias desde cerca ao pasto e edificações. Na tarde de hoje o grupo esteve reunido com lideranças indígenas para explicar a metodologia do trabalho.
Nas áreas que ainda não estão retomadas pelos índios, o GT vai entrar somente com autorização dos produtores rurais e os que quiserem acompanhar serão bem recebidos, garantiu a Funai.
Em 2001, a avaliação aconteceu depois de decisão judicial e com o apoio da Polícia Federal, episódio que na opinião da Fundação Regional, não deve se repetir, porque não há necessidade.
O grupo tem a pretensão de avaliar todas as propriedades para resolver de forma definitiva as demarcações.
Depois de avaliadas, uma outra equipe vem para realizar o pagamento das indenizações, processo que ainda cabe recurso por parte dos produtores.
O GT foi formado e veio ao Estado depois da reunião que índios terena tiveram em Brasília, no começo do mês de junho. Na segunda quinzena houve uma audiência, em São Paulo, onde 45 terena estiveram com os desembargadores do Tribunal Regional Federal da 3ª Região pedindo agilidade na demarcação física das terras.

 
Impasse – A terra indígena Buriti, correspondente a 17 mil hectares e 3 fazendas da região de Sidrolândia e Dois Irmãos do Buriti são alvo de ocupações dos terena. O território é reivindicado há décadas, mas só foi identificada pela Funai em agosto de 2001.
Após a publicação do relatório de identificação, fazendeiros da região pediram na Justiça que fosse declarada a nulidade da identificação antropológica.
Depois de nove anos de espera, com a decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, de São Paulo, reconhecendo os direitos territoriais dos terena, foi publicada a portaria declaratória pelo Ministério da Justiça, com os limites da terra indígena Buriti.
De lá para cá, foram diversas movimentações do povo terena pedindo rapidez no julgamento dos processos e a conclusão das demarcações. Em Outubro de 2009, houve uma grande mobilização de retomada de terras, no mês seguinte, os terena acabaram sendo violentamente expulsos por ação da Polícia Militar do Estado em conjunto com fazendeiros incidentes na região, sem que houvesse ordem judicial para isso.


Reação - Na Assembleia Legislativa o representante dos fazendeiros, deputado Zé Teixeira (Dem) reagiu ontem ao início do trabalho da Funai. “É um absurdo! O ato é unilateral e trata os produtores como os invasores das terras, sendo que estas foram compradas no passado e tituladas pela União, muito antes de se criar a reserva indígena”.
Na opinião dele, “esse impasse deve ser resolvido na Justiça e não por meio de ato administrativo da Funai. Se não tomarmos providências, não sabemos como isso terminará”.


Fonte:
05/07/2011 19h11

segunda-feira, 4 de julho de 2011

COPAI participa do Seminário Internacional Cúpula dos Povos da Rio + 20 por Justiça Social e Ambiental

A COPAI/OAB/MS participou do Seminário Internacional  Cúpula dos Povos da Rio + 20 que aconteceu entre os dias 30/06 e 01 /07/2011 e da Plenária de Mobilização realizada no dia 02/07/2011, ambos na cidade do Rio de Janeiro (RJ), e contou com a presença de sua presidente, Samia Roges Jordy Barbieri, membro, Tatiana Ujacow, e também de sua colaboadora, Arlete Povh.

As atividades são parte do processo que culminará na realização, em junho de 2012, do evento autônomo e plural, provisoriamente denominado Cúpula dos Povos da Rio+20: por Justiça Social e Ambiental, paralelo à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (UNCSD).
Estiveram presentes mais de 28 países,  diversas instituições como, Comitê Intertribal, Abong, Greenpeace, MMM, Jubileu Sul, AMB, CUT, Conen, FBS, FBOMS, Via Campesina, FNRU, GRAP, Rede Brasil, Rebrip, Rejuma, e personalidades do mundo índígena, como Marcos Terena, Carlos Papa, entre outros.













Fonte e fotos: COPAI/OAB/MS, por Arlete Povh
atualizado em 06/07/2011

Copai estuda constitucionalidade do projeto “Fundo Estadual de Aquisição de Terras Indígenas – Fetapi-MS”

A Comissão Permanente de Assuntos Indígenas, se reuniu nesta última quarta-feira, 29 de junho, para discutir o projeto “Fundo Estadual de Aquisição de Terras Indígenas – Fetapi-MS”, de autoria do deputado estadual Laerte Tetila.
O objetivo do Fundo é a captação de recursos financeiros para aquisição de terras de propriedades particulares consideradas terras indígenas e destinadas ao assentamento de famílias indígenas. E também uma forma de amenizar o conflito entre fazendeiros e índios.
O Fetapi será mantido com contribuições de empresas, dos fundos que o Governo do Estado vier a receber, de juros bancários, rendimentos de aplicações financeiras, de doações e de outros recursos ou rendas obtidas.
A Comissão reuni-se para avaliar e estudar a constitucionalidade do projeto.
Para a presidente da Copai, Sámia Roges Jordy Barbieri, este projeto significa uma conquista histórica para a sociedade indígena, “ a Comissão luta pela paz e pelos direitos do índio, afinal não podemos fechar os olhos para o massacre que acontece ao povo indígena”.



Fonte:
01 de julho de 2011