quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Índios e entidades protestam nesta 4ª feira contra invasão de acampamento

Grupo vai se reunir na entrada do município de Aral Moreira e caminhar sete quilômetros

Índios e representantes de entidades nacionais farão protesto nesta quarta-feira contra o atentado aos guaranis no acampamento Guaiviry, em Aral Moreira.

Cerca de 600 pessoas devem participar do movimento. Eles irão se reunir na entrada do município de Aral Moreira e caminharão sete quilômetros até o acampamento.

“Estamos aqui para mostrar que eles não estão mais sozinhos. Vamos mostrar a união dos povos indígenas. A gente veio mostrar força e cobrar do governo e a da justiça uma atitude para que as mortes de indígenas não continuem acontecendo”, disse o líder dos indígenas da região Sul do país, Kretã Kaingang.

Também participa do movimento a coordenação dos indígenas da Amazônia brasileira.

A invasão do acampamento ocorreu no dia 18 de novembro. Desde então, o líder indígena Nísio Gomes está desaparecido. Para os índios, ele foi morto. A PF (Polícia Federal) trata o caso como desaparecimento.

Na ação, foram utilizadas balas de borracha. Na semana passada, quando uma comitiva da Secretaria dos Direitos Humanos visitou o acampamento, foi definido que os índios seriam mantidos sob proteção da Força Nacional de Segurança.

Posteriormente, foi firmado um acordo entre os donos da fazenda onde estão, a Nova Aurora, permitindo a presença dos índios e assegurando o trabalho na lavoura dos funcionários da propriedade.



Fonte:
30/11/2011 07h28

Comissão de Direitos Humanos da Câmara fará audiência em MS após ataques contra indígenas

A CDHM (Comissão de Direitos Humanos e Minorias) da Câmara dos Deputados realizará uma audiência em Dourados neste final de semana com o objetivo de averiguar situações de violência aos povos indígenas do Mato Grosso do Sul.

A informação foi confirmada esta tarde por lideranças indígenas da região, que articularam a vinda dos deputados.

Na sexta, a comissão se reunirá com lideranças indígenas da região de Dourados. No dia seguinte, seguem para o acampamento Tekoha Guaiviry, que foi atacado por homens fortemente armados no último dia 18.

Na ocasião, o cacique Nísio Gomes, de 59 anos, foi executado com tiros de calibre 12. Depois de morto, o corpo do indígena foi levado pelos pistoleiros e até o momento não foi encontrado.

Já nesta segunda-feira, dois homens em uma moto preta atiraram contra índios acampados na região de Iguatemi, em Puelito. Ninguém se feriu.


Fonte:
29/11/2011 19:07

Relatório do IV Fórum de Educação Escolar Indígena realizada em Campo Grande-MS, nos dias 29 e 30/09 e 01/10/2011

Organização de Professores Indígenas de Mato Grosso do Sul - FEIMS

Relatório do IV Fórum de Educação Escolar Indígena realizada em Campo Grande-MS, nos dias 29 e 30/09 e 01/10/2011

Nas avaliações e discussões abordadas no IV Fórum de Educação Escolar Indígena de Mato Grosso do Sul, verificou-se avanços e desafios para a para a efetivação e consolidação da qualidade da Educação Escolar Indígena no Estado do Mato Grosso do Sul.

Segue as avaliações seguindo o cronograma do evento.

1 - dia 30. Avaliação do como está à implementação da EEI nos municípios de MS (Ensino Fundamental e Ensino Médio). 2 – dia 30. Quais são as estratégias de implementação das EEI nas Aldeias Urbanas e Aldeias indígenas. 4 - dia 30. Propostas e Diretrizes Ensino Médio:

Que o Estado de Mato Grosso do Sul e os municípios, procurem respeitar a diversidade étnica e cultural dos povos indígenas e para isso, é necessária, a permanência constante de representantes indígenas nos conselhos e comissões criadas pelo Estado e Municípios que discutem políticas públicas para a educação escolar indígena, assim como nas comissões que debatem sobre a organização do controle social.

Proposta de construção de escola nas Aldeias Urbanas que respeite a diversidade étnica que compõe as comunidades;

Criação e implementação de um Ensino Médio específico que tenha capacidade de inter-relação entre os conhecimentos tradicionais da comunidade, e que a formação de seus alunos, possa ser refletida na comunidade indígena.

Que o estado garanta recursos para discussões nas Aldeias para equacionar e definir o que as comunidades indígenas desejam para a Educação Escolar Indígena. Nesse sentido, faz-se necessário a reorganização e reformulação dos Projetos Pedagógicos das escolas indígenas.

Garantir um período na escola onde os professores possam refletir sua prática pedagógica, pesquisar e produzir materiais didáticos para seus alunos;

Criar propostas para incentivar as práticas culturais com as crianças na escola;

Que a escola seja um centro de pesquisa dos saberes tradicionais;

Desvincular a Associação de Pais e Mestres da ideologia do Estado;

Que seja oferecido curso na área da educação especial aos professores indígenas, tanto nos cursos de formação inicial e formação continuada, visto que, tem um crescente número de alunos com necessidades educativas especiais incluso nas escolas;



3 – dia 30. Retomar a Criação do Conselho Estadual de Educação Escolar Indígena;

Fortalecimento e continuidade do Conselho Estadual de Educação Escolar Indígena do Mato Grosso de Sul ou transformar a Comissão Gestora do Território Etnoeducacional em Conselho deliberativo sobre Educação escolar Indígena.

Fortalecimento da categoria de professores indígenas e do movimento indígena, para que em unidade, possam buscar um maior espaço de representantes indígenas nos órgãos públicos que trabalham com as sociedades indígenas no Estado e Municípios. Para isso faz-se necessário também fortalecer as decisões nas aldeias, a fim de equacionar e buscar união em todos os âmbitos.

Efetivar em cada município e no estado um núcleo de educação escolar indígena; conforme compromisso assumido pelos prefeitos/ secretários de educação pactuado no Plano de Ação do TEE Povos do Pantanal e Cone Sul;

5 - dia 30. Formação de Professores: Nível Médio Magistério e Ensino Superior e 7 – dia 30 Acesso e permanência dos alunos no Ensino Superior e Pós-Graduação

Faz-se necessário a capacitação de professores indígenas, para que esses possam ser também os formadores dos cursos específicos para formação de professores indígenas;

Que o Governo Federal através da Coordenação de Educação Escolar Indígena e Instituições financiadoras como CAPES, CNPq, FUNDECT, Observatório da Educação escolar Indígena crie o fundo de financiamento especifico para a Pós-Graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado) de acadêmicos, proporcionando condições dignas para garantir o acesso e permanência dos indígenas na academia, e assim, contribuir para a recuperação das memórias históricas culturais de seu povo.

É preciso que o governo do estado de Mato Grosso do Sul reformule uma proposta de bolsas para de fato garantir a permanência dos acadêmicos indígenas no Ensino Superior, não apenas na Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, mas, que essas bolsas possam vir a auxiliar os acadêmicos das demais instituições privadas do Ensino Superior.

Buscar fortalecimento e permanência dos cursos de Licenciatura Indígena Povos do Pantanal e da Licenciatura Indígena Teko Arandú.



1 – dia 01. Concurso Público Estadual Diferenciado Para Professores Indígenas (propostas): A Comissão criada no IV Fórum de Educação Escolar Indígena deverá discutir e elaborar critérios para o concurso público diferenciado em colaboração com a Comissão Gestora do Território Etnoeducacional.

Dia 01 Comunidades Indígenas e a organização política: Outras questões apresentadas pelos indígenas no IV Fórum;

Registra-se, a falta de apoio, financiamento e presença do representante da Secretaria de Estado de Educação do Mato Grosso do Sul, e das demais agencias competentes para o desenvolvimento do IV Fórum de Educação Escolar Indígena do Mato Grosso do Sul.

Os representantes do Governo Federal na FUNAI, em especial a de Campo Grande, precisa apoiar as lutas dos povos indígenas na defesa de seus direitos e não mandar prendê-los, em se tratando das questões fundiárias no Estado do Mato Grosso do Sul.

Refletir sobre outras formas de gestão para a educação escolar indígena, sem estar pautada em um poder centralizador.

As escolas indígenas precisam promover estudos sobre a legislação educacional e os direitos indígenas com todos os segmentos da comunidade escolar;

As escolas juntamente com as Secretarias municipais e estadual precisam realizar seminários locais para que a comunidade compreenda o que é Educação Escolar Indígena;

Mostrar que a escola diferenciada não é um retrocesso para a comunidade indígena, mas sim, um diálogo necessário entre os diferentes saberes e uma riqueza cultural para a sociedade e para o país;

Ter uma comissão específica em cada aldeia para o trabalho de conscientização;

Participação dos professores nas reuniões das lideranças indígenas e de lideranças nas reuniões de professores;

Adequar às avaliações externas nacionais (Provinha Brasil) as realidades regionais indígenas.

Implementar a categoria de Escola Indígena e de Professores Indígenas, nos municípios e no estado; Observarmos que a categoria escola indígena existe em nível de estado (Decreto estadual nº 10.734, de 18 de abril de 2002), porém, não foi implementada a categoria de professor indígena, existindo a necessidade de cobrar do Governo Estadual, pois é assegurado através da Deliberação CEE/ MS nº 6.767 de 27 de outubro de 2002. Nos municípios precisa legislar embasada nos decretos, pareceres da esfera federal e estadual ligada à educação.

Criar uma comissão que organize o próximo Fórum juntamente com a Diretoria da FEIMS, discuta o concurso publico específico para os professores indígenas no âmbito da Educação Básica e que também possa acompanhar e encaminhar as discussões levantadas durante IV Fórum de Educação Escolar Indígena de Mato Grosso do Sul junto ao Estado, Municípios e a União, e, demais instituições responsáveis pela educação escolar e de formação.

Representantes da comissão:

Onides Velario Borvão – Tacuru

Angelica Garay Ferreira – Tacuru

Eliel Benites – Caarapó

Renata Castelão – Caarapó

Itamar Jorge Pereira – Campo Grande

Adierson Venâncio Mota – Campo Grande

Alice dos Santos Mendes – Aquidauana

Roseli Pereira Dias – Aquidauana

Célia Metello Pereira – Miranda

Maria de Lurdes Elias – Miranda

Cristiane Machado Ortiz – Dourados

Zélia Regina Benites - Dourados



3 – dia 01. Eleição para representantes indígenas na Comissão Gestora do Território Etnoeducacional: Povos do Pantanal

Através da criação dos grupos de trabalho para discussão dos Territórios Etnoeducacionais, durante o IV Fórum de Educação Escolar Indígena do Mato Grosso do Sul, atendendo a Portaria 934 de 13 de julho de 2011, a comunidade indígena indicou os seguintes representantes para a Comissão Gestora do Território Etnoeducacional Povos do Pantanal;

Representantes da etnia terena

Titular: Celinho Belizário - Miranda

Suplente: Gerson Pinto Alves – Dois Irmãos do Buriti

Representantes do município de Aquidauana

Titular: Valdevino Gonçalves Cardozo

Suplente: Celma Francelino Fialho

Representantes do município de Campo Grande

Titular: Esmael Custódio Terena

Suplente: Jonivaldo Alcântara Pinto

Representantes do município Dois Irmãos do Buriti

Titular: Ana Sueli Fermino Delgado

Suplente: Romilso André Vitorino

Representantes do município de Miranda

Titular: Genésio Farias

Suplente: Elizeu Sebastião

Representantes do município de Anastácio

Titular: Dóris Paulo Ortiz

Suplente: Marinês Rodrigues Leandro



Registramos que a Organização de Professores Indígenas de Mato Grosso do Sul, no IV Fórum, recebeu como doação 300 pratos e 300 colheres da Secretaria Municipal de Educação de Campo Grande, bem como, a doação de 6 (seis) livros do Observatório da Educação escolar Indígena da UCDB para a venda em apoio à Organização, e, ainda, contribuição de oitenta e cinco reais dos professores indígenas de Dourados, 50 reais dos professores indígenas da Aldeia de Água Branca, município de Aquidauana e 100 (cem) reais da Associação dos Professores Indígenas da Aldeia Limão Verde, município de Aquidauana.

Definiu-se no final do IV Fórum que a primeira reunião da Comissão de Discussão e Encaminhamentos, será realizada em Dourados no dia 05 de novembro de 2011.

Foi aprovado pela assembléia que o V Fórum Estadual de Educação Escolar Indígena de 2012 será realizado no primeiro semestre no Município de Caarapó/MS.







Teodora de Souza – Vice Presidente da FEIMS

Elcio Da Silva Júlio – Presidente do CMDDI/MS

Pela Comissão Organizadora do IV Fórum da EEI/MS



Campo Grande, 01 de outubro de 2011



sábado, 26 de novembro de 2011

OAB-MS cria Comitê Nacional em Defesa da População Indígena

O Plenário da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional de Mato Grosso do Sul OAB-MS, sediou nesta quinta-feira 24/11/2011 debate sobre a criação do Comitê Nacional em Defesa da População Indígena de Mato Grosso do Sul – Condepi-MS.

O Comitê tem por objetivo defender a população indígena contra todas as formas de violência, seja causada por determinado grupo ou poder público, protegendo a integridade, como povos distintos, em auxílio da preservação de valores culturais e identidade étnica.

A reunião foi coordenada pela defensora pública Neyla Ferreira Mendes integrante da Comissão de Direitos Humanos e pelo Vice-Presidente Wilson Capistrano da COPAI/OAB-MS (Comissão Permanente de Assuntos Indígenas), visando dar encaminhamento legal ao conflito que envolve a etnia guarani-caiouá no sul do Estado.

Mato Grosso do Sul possui a segunda maior população de índios do país, com mais de 68 mil pessoas distribuídas em 75 aldeias e 31 acampamentos indígenas com mais de 1,200 famílias vivendo em condições subumanas à beira de rodovias ou sitiados em fazendas.

A população dos guarani-caiouá é a maior entre as onze etnias que vivem em MS, e a mais sacrificada pela sonegação dos direitos humanos fundamentais.

O número elevado de suicídios, alcoolismo, jovens indígenas aliciados e usados como “mulas” para o tráfico de drogas, exploração da mão-de-obra indígena nas usinas de álcool, são problemas sociais que fazem parte da realidade indígena de MS.

O Estado busca alternativa jurídica que evite injustiças a qualquer um dos lados que reclame por direito, visando conter a violência e o conflito direto entre fazendeiros e indígenas. A criação do Comitê Nacional em Defesa da População Indígena de Mato Grosso do Sul serve como um instrumento dos movimentos sociais para defesa da causa dos povos indígenas.



ASSINAM:

 
1. CIMI (Conselho Indigenista Missionário)

2. CUT - MS

3. Centro de Defesa dos Direitos Humanos Maçal de Souza

4. MST-MS

5. 12ª Defensoria Pública Cível de Segunda Instância

6. Rede Nacional de Advogad@s Populares (Renap MS)

7. CNBB – CRJP/01

8. Comissão de Direitos Humanos/OAB

9. Conselho Estadual Indígena

10. Conselho Municipal Indígena de Campo Grande

11. Comissão de Cultura da Câmara de vereados de Campo Grande

12. Coletivo de mulheres Negras

13. Fórum Nacional de Mulheres Negras

14. Associação Rede Criança

15. GT Combate ao Racismo Ambiental da RBJA

16. CEDEFES - Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva – Belo Horizonte – MG

17. Centro de Agricultura Alternativa (CAA) Norte de Minas - MG

18. Fórum Carajás –São Luís – MA

19. Rede Nacional de Advogad@s Populares (Renap Maranhão) - MA

20. Instituto Terramar – Fortaleza – CE

21. Fórum da Amazônia Oriental (FAOR) – Belém – PA

22. Dignitatis – João Pessoa – PB

23. INESC – Instituto de Estudos Socioeconômicos - Brasília – DF

24. Rede Nacional de Advogad@s Populares (Renap Ceará) - CE

25. CEPEDES - Centro de Estudos e Pesquisas para o Desenvolvimento do Extremo Sul/BA

26. Terra de Direitos

27. Comissão Pastoral da Terra - CPT Nacional

28. Justiça Global

29. Associação de Advogados de Trabalhadores Rurais (AATR) - BA

30. CEDECA Ceará - Centro de Defesa da Criança e do Adolescente - CE

31. Rede Nacional de Advogad@s Populares (Renap Rio Grande do Norte) – RN

32.Grupo de Estudos em Direito Crítico, Marxismo e América Latina - GEDIC (UFERSA/UERN) – RN

33. Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto

34.ANCED - Associação Nacional dos Centros de Defesa da Criança e do Adolescente

35. ANADEF – Associação Nacional dos Defensores Públicos Federais

36. Rede Alerta

37. ABRANDH - AÇÃO BRASILEIRA PELA NUTRIÇÃO E DIREITOS HUMANOS

38.ADVOGADOS SEM FRONTEIRA




Fonte:
25 de novembro de 2011 • 13h22 • 116 visualizações

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Entre índios e autoridades, demarcação da “mãe terra” é a única solução apontada

Audiência pública nesta sexta-feira discutiu a questão. Carta de protesto, assinada por todas as autoridades presentes, será entregue pela AL para a presidência e Ministério da Justiça

Diante das recorrentes mortes de indígenas e conflitos envolvendo proprietários rurais, autoridades de organizações civis e indígenas cobram uma solução em caráter emergencial e apontam a demarcação das terras como única trégua para a paz.

“Não vamos acalmar enquanto não recebermos de volta a nossa mãe, que é a nossa terra. Até lá vamos continuar morrendo e brigas sendo registradas”, desabafa o caíque e presidente do Conselho de Direitos Indígenas, Nito Nelson.

A questão foi abordada nesta sexta-feira (25) durante o “Ato Contra a Impunidade e em Defesa dos Povos Indígenas", na Assembléia Legislativa.

Participaram representantes de diversas organizações civis e movimentos de não índios e indígenas, que assinaram uma carta de protesto para ser enviada pela AL a presidente Dilma Roussef e ao Ministério da Justiça.

A iniciativa acontece após o atentado ao líder religioso Kaiowá Guarani, Nisio Gomes, de 59 anos, que está desaparecido desde o último dia 18. O ataque aconteceu dentro da terra Guaiviry, há anos reivindicada pelos indígenas para demarcação e retomada.

Tido como estopim para o manifesto dos movimentos e do poder legislativo, a audiência foi iniciada com cerimônia indígena para pedir aos deuses que o corpo de Nisio seja encontrado, segundo explica o pajé Orlando Turibio, da aldeia urbana Água Bonita, em Campo Grande.

O nome de outros líderes indígenas vítimas de atentados em MS também foram lembrados. A audiência acontece no dia em que a morte de um dos mais importantes líderes indígenas de MS, Marçal de Souza, completa 28 anos.

Devolver a terra ao dono - “O Governo é quem vendeu o título dessas terras para os proprietários, então, ele que agora resolva o problema”, enfatizou o deputado estadual Pedro Kemp durante pronunciamento no plenário.

Ele também frisou que a briga se resume ao impasse entre dois lados, que apenas reivindicam o direito pelo que é seu. “De um lado são os proprietários, que na maioria pagaram pelo título da terra vendida pelo Governo, e do outro os indígenas que tiveram as terras tomadas para serem vendidas a outro”.

Com isso, as lideranças afirmam que a única solução para o problema é a devolução das terras para os indígenas, com a indenização para os proprietários rurais.

“O governo federal precisa tomar uma atitude antes que o Mato Grosso do Sul vire um bang-bang e o nosso Estado continue sendo notícia internacional pela violência indígena”, frisa o deputado.

A resolução esbarra na Constituição Federal, que impede a federação de comprar a terra dos proprietários, e por isso, a alternativa encontrada é a criação de um fundo estadual de terras, que teria parceria com o Governo Federal para receber recursos e comprar as terras.

Para o coordenador do Neppi (Núcleo de Estudos e Pesquisas das Populações Indígenas), Antonio Brand, essa é a única solução e só depende do empenho do governo.

“Essa situação só chegou onde está por causa da sistemática omissão dos governos, por anos e anos, mas que agora que precisa ser solucionada”, frisa.

Ele também ressalta que MS tem apenas 2% de terras demarcadas como indígenas, sendo que em MT são 14% de terras. A proporção de terras não acompanha a população dos dois estados, já que MS tem quase o dobro de indígenas, sendo o Estado com a segunda maior população indígena.

De acordo com Kemp, existe a expectativa de que o Governo Federal termine em breve o relatório sobre as áreas que precisam ser demarcadas e em MS seria cerca de 500 mil hectares.

Em todo Estado existem cerca de 31 acampamentos de indígenas em beiras de estradas e fazendas, segundo Kemp.

Respeito - Só depois que for assegurada terra para as famílias indígenas morarem e produzirem, os índios terão de volta sua dignidade, afirmam as lideranças.

“É como se nós não fossemos nada, se nossa morte fosse como de um animal, que não tivesse valor. Mas nós temos alma e estamos sendo mortos”, clama o cacique Nito.

Kemp também chama a atenção para o fato de até hoje nenhum autor dos crimes contra indígenas ter sido punido.

“Os índios são nossos irmãos, mas garanto que a maioria da população daqui trata eles como vagabundo, que não precisa ter direitos e a vida preservada”, frisa.


Fonte:
25/11/2011 13h47

Carta em defesa povos indígenas retrata a indignação da população de Mato Grosso do Sul

Autoridades, religiosos, representantes da sociedade civil e lideranças indígenas participaram nesta sexta-feira (25) de um ato público contra a impunidade e em defesa dos povos indígenas do Mato Grosso do Sul, realizado na Assembleia Legislativa.

O evento teve por objetivo a união da sociedade sul-mato-grossense contra os constantes casos de violência e agressões à população indígenas.

No ato público foram lembrados índios e indigenistas que lutaram pela demarcação das terras e a qualidade de vida da população indígena de Mato Grosso do Sul, como Ronildo Vera, Oswaldo Lopes, Marcos Verón e Marçal de Souza.

Ao som do Hino Nacional executado na língua Guarani, os presentes no ato público cobraram punição e justiça aos inúmeros casos, inclusive, o mais recente atentado registrado no estado, contra o líder indígena Nísio Gomes, no último dia 18 de novembro.

O deputado estadual Pedro Kemp (PT), coordenador do ato público, acredita que é o momento de repudiar toda a violência que tem acontecido contra as comunidades indígenas nos últimos anos. “O ato serve também para cobrar das autoridades federais uma solução definitiva para os conflitos agrários envolvendo índios e proprietários rurais aqui no estado”.

Kemp lamentou os vinte e oito anos da morte de Marçal de Souza, que era uma liderança conhecida mundialmente. “Ele fez um pronunciamento na ONU, recebeu o papa aqui no Brasil, falando em nome das comunidades indígenas, foi assassinado. Um assassinato que ficou impune. E, depois de 28 anos, quantas lideranças indígenas também foram assassinadas?”.

Tatiana Ujacow, advogada e membro da Copai/OAB (Comissão Permanente de Assuntos Indígenas) e do ITC (Comitê intertribal de Memória e Ciência Indígenas), destacou a importância da discussão para Mato Grosso do Sul. “É muito importante que Mato Grosso do Sul perceba que a gente não pode mais calar a voz do povo indígena. Nós temos que fazer justiça social e que a violência aqui no estado está banalizada”.

A advogada que atua para que o preconceito e a violência contra os povos indígenas acabe, sempre ressalta a banalização desta situação. “As pessoas não dão a menor importância para esses temas que possuem a maior urgência, para impedir os conflitos”.

Tatiana que sempre defende o diálogo entre as partes envolvidas. “Conversarem e buscarem uma solução justa. As partes têm o direito, os povos indígenas têm direitos garantidos constitucionalmente”.

Uma carta em defesa dos povos indígenas de Mato Grosso do Sul resultou do ato realizado na Assembleia. O documento será encaminhado às autoridades competentes e à presidente Dilma Rousseff.



Fonte:

HOJE-TEKOHA-ritual de vida e morte do Deus pequeno-Teatro de Rua

"A impunidade dói mais que a morte"-

Edna Guarani de Souza



28 anos sem Marçal de Souza e uma semana sem Nísio Gomes



O Teatro Imaginário Maracangalha apresenta o espetáculo de rua "Tekoha-ritual de vida e morte do deus pequeno".A trajetória de Marçal de Souza e sua luta , uma história que não foi contada em jornal ,uma história de Guarani e de todos nós.

O Teatro de Rua leva a sua arte contra a bárbarie e a injustiça .Somando sua força criadora a todas as vozes que nesse dia ,pedem um basta a impunidade e a indiferença.

No Calçadão da Barão,em frente ao Bar do Zé,hoje ,dia 25 de novembro de 2011 ,as 17:30 .

É só chegar ,leve alguém com você e mais e mais mais gente vibrando na rua por justiça. Até breve!


 
Fonte:
Teatro Imaginário Maracangalha

Governo Federal diz que entra na questão indígena de MS por "questão de honra"

O governo federal considera “uma questão de honra” a solução dos problemas enfrentados pelas comunidades indígenas de Mato Grosso do Sul, segundo o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho. Além da questão do território, a saúde e a educação são as principais preocupações do Estado.

“Para nós, a questão indígena mais importante é Mato Grosso do Sul, onde a incidência de violência e morte é acentuada e a situação de perdas de criança nos ofende profundamente. Estamos fazendo todo o esforço [para reverter essa situação]”, disse o ministro à Agência Brasil.

No dia 20 de outubro, representantes do governo visitaram a comunidade indígena Y’Poi, da etnia Guarani-Kaiowá, no município de Paranhos. Segundo Carvalho, um grupo de trabalho dedicado especificamente à questão indígena foi constituído. A Funai (Fundação Nacional do Índio) e o governo estadual participam do grupo.

Um vídeo produzido pelo projeto Rede de Saberes, divulgado ontem (23), mostra como foi a visita de representantes do governo ao acampamento. Além de denunciar as ameaças de morte sofridas, os indígenas pediram a conclusão do processo de demarcação de terras, escola para as crianças, liberdade para passar pela estrada entre o acampamento e uma fazenda, a oportunidade de plantar na área e condições de segurança.

O secretário nacional de Articulação Social da Secretaria-Geral da Presidência da República, Paulo Maldos, aparece no vídeo comprometendo-se a atender a todos os pedidos da comunidade, principalmente os referentes à segurança. “Se um pistoleiro chegar, quero que a informação seja passada no mesmo dia para o meu telefone".

Menos de um mês após a visita, houve um ataque de pistoleiros ao Acampamento Tekoha Guaiviry, no município de Amambai. Os índios disseram que o cacique Nísio Gomes foi morto e três moradores do acampamento sequestrados na última sexta-feira (18). O corpo do cacique desapareceu e ainda não há pistas sobre os desaparecimentos. A Polícia Federal e o Ministério Público Federal abriram inquérito para investigar o caso.

No próximo dia 28, um comitê gestor será instalado na cidade de Dourados. De acordo com o ministro Gilberto Carvalho, o governo federal vai divulgar uma série de políticas públicas para os cerca de 44 mil índios da região. “Está próximo [o fechamento de] um acordo com o governo do estado para que a gente consiga ter uma área delimitada para os Guarani-Kaiowá. É uma preocupação, um compromisso”, garantiu Carvalho.

De acordo com o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), nos últimos oito anos cerca de 200 índios foram mortos em conflitos de terra.

A Polícia Federal confirma a escolta especial a dois índios Guarani-Kaiowá da aldeia no acampamento Guaiviry onde o cacique Nisio Gomes foi executado por um bando fortemente armado na manhã da última sexta-feira (18), em Aral Moreira (402 km de Campo Grande), entre as cidades de Ponta-Porã e Amambai.

Os dois teriam presenciado a chegada e a ação dos bandidos. Um dos pontos a serem esclarecidos é sobre o uso de armas letais e de borracha e a forma exata de como foi o crime. (Matéria editada para acréscimo de inromações às 12h06)



Fonte:
24/11/2011 07:12

Ato público cobra punição para assassinos dos índios de MS

Hoje, dia 25, os movimentos sociais, representantes de organizações governamentais e não governamentais promovem um ato "Contra a Impunidade e em Defesa dos Povos Indígenas". Será às 9 horas no Plenário Júlio Maia, da Assembleia Legislativa de Campo Grande.

Os acadêmicos indígenas participam do ato, para o qual também foram convidados representantes do Ministério Público Federal (MPF), Fundação Nacional do Índio (Funai), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Movimento Sem Terra (MST), mandato do Deputado Estadual Pedro Kemp, lideranças e vereadores indígenas de Mato Grosso do Sul.

No dia 18 de novembro houve mais um atentado contra indígenas que ocupam área em litígio. Segundo testemunhas, o ñhanderu Nísio Gomes foi assassinado durante invasão ao acampamento indígena Guaiviry, no município de Aral Moreia. Os indígenas relataram que o corpo foi levado junto a duas crianças. O ataque foi tão brutal que a comunidade não alimenta muita esperança quanto às vidas dos menores, que ainda não foram encontrados, bem como o corpo de Nísio. Além disso, vivenciam medo de novos ataques, pois entre os acampados de Y Po’i, no município de Paranhos, já houve fato semelhante com dois mortos e um não encontrado, que segundo os relatos, também foi assassinado.



CONTATO
Caroline Maldonado
(67) 3312-3590
(67) 9945-9895

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Presidente da OAB/MS pretende levar caso de Nísio Gomes à OEA

 Leonardo Duarte, presidente da OAB de Mato Grosso do Sul, pretende levar o caso do assassinato de Nísio Gomes, líder guarani-caiouá, morto por pistoleiros no final da semana passada, à Organização dos Estados Americanos (OEA), organismo que congrega dos Estados das três Américas, que discute basicamente democracia, direitos humanos, segurança e desenvolvimento.

O assassinato de Nisio Gomes, líder guarani-caiouá do Tekora Guaiviry, na região de Amambai, no sul do Estado de MS, teve repercussão internacional durante toda a semana. Após o site do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) veicular a notícia do assassinato do líder indígena, a repercussão atingiu veículos de comunicação do mundo inteiro.

Sites estrangeiros e internacionais, como o da entidade internacional de luta em defesa dos povos indígenas, Survival International, deram lugar em suas capas para noticiar a brutalidade com que Nísio Gomes foi assassinado, apontando que o indígena foi morto na frente de sua comunidade. A Rádio Vaticano também noticiou o fato.

No sábado, 19 de novembro, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil/Seccional de Mato Grosso do Sul (OAB/MS) manifestou seu repudio veemente à violência contra Nísio Gomes, assassinado na sexta-feira passada, 18 de novembro. A Comissão Permanente de Assuntos Indígenas (Copai) da OAB de Mato Grosso do Sul reuniu-se ontem para tratar do assunto e, ao final do encontro, emitiu nota na qual afirma que “isso tem um nome certo: CHACINA, CRIME HEDIONDO que deveria ser punido severamente”.


Fonte:
22 de novembro de 2011 • 09h55 • 81 visualizações

Organização internacional cobra Dilma sobre ataque a índios em Aral Moreira

Fian faz duras críticas e diz que caso na fronteira de Mato Grosso do Sul é total responsabilidade do governo brasileiro

Entidade pede providência sobre ataque ao acampamento Tekoha Guaiviry e diz que demarcação de terras nunca foi cumprida.
Em carta enviada à presidente Dilma Rousseff (PT), a Fian (Foodfirst Information and Action Network), organização internacional de direitos humanos que trabalha em nível mundial pela efetivação do direito humano à alimentação adequada, cobrou providências sobre o ataque contra o acampamento indígena Tekoha Guaiviry, em Aral Moreira, região de fronteira em Mato Grosso do Sul, na última sexta.

No texto, a entidade, que tem status consultivo perante a ONU (Organização das Nações Unidas), pede, em tom crítico, que o governo “adote as medidas necessárias para garantia dos direitos humanos do povo Guarani-kaiowá do Mato Grosso Sul”.

“A FIAN Internacional, por intermédio de sua seção brasileira – FIAN Brasil, tem acompanhado, desde 2005 a grave situação de violação dos direitos humanos deste povo e por inúmeras vezes já contatou o Governo Brasileiro solicitando medidas urgentes tanto no que se refere a garantia da segurança deste povo, bem como a urgente demarcação dos territórios. Estas medidas nunca foram efetivamente implementadas”, critica a entidade.

Para a organização, que afirma que outros três indígenas foram baleados e muitos feridos com balas de borrachas, o ataque é de “total responsabilidade do Governo Brasileiro que não consegue cumprir com as suas obrigações constitucionais e suas obrigações internacionais frente aos Tratados de Direitos Humanos, de respeitar, proteger e garantir os diretos humanos deste povo”.

O órgão também lembra na carta sobre o TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) assinado entre Funai (Fundação Nacional do Índio) e MPF (Ministério Público Federal) que prevê a identificação e delimitação das terras guarani-kaiowás, processo ainda não concluído. “Passados mais de dois anos, não existem justificativas plausíveis para tal morosidade, pois não há nenhum impedimento jurídico que impossibilite a realização do trabalho”, acrescenta o texto, apontando que o caso configura grave violação de diretos humanos e desrespeito aos tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário.

Na mensagem, a organização pede que o caso seja tratado em caráter de urgência e que o corpo de Nísio seja devolvido, bem como que os “culpados sejam exemplarmente levados à justiça e punidos, superando-se a tradicional impunidade dos crimes cometidos contra indígenas, cumprindo-se também o objetivo de coibir novas ações semelhantes”.

Além disso, pede a proteção dos guarani-kaiowás e que a Funai proceda com “extrema urgência a publicação das portarias conforme previsto Termo de Ajuste de Conduta”.

“Após o processo de identificação e delimitação, sejam imediatamente homologadas as terras pelo Ministério da Justiça”, cobra a Fian, que trata o ataque como “brutal execução” do cacique Nísio Gomes, de 59 anos, embora as investigações da Polícia Federal apontem que o indígena foi levado vivo do local.

A carta foi enviada com cópia para o procurador Marco Antônio Delfino de Almeida, da Procuradoria da República em Dourados, ao Cimi (Conselho Indigenista Missionário) e a ONU.



Fonte:
23/11/2011 15h51

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Sonhos éticos e étnicos


Marcos Terena *


Como Índio Terena, Xané desse Estado e criado sob as bênçãos do Evangelho recordo do ensinamento bíblico do Bom Samaritano, da primeira missa no Brasil e penso em como seria a reação de pastores e padres na missa ou culto de hoje, diante de mais um assassinato contra os irmãos Guarani e Kaiwá que já haviam perdido Marçal de Souza, Marcos Veron e agora, Nisio Gomes, todos mortos com requinte de crueldade.

Por outro lado, como reagem os governos de Puccinelli ou Dilma Roussef e suas forças policiais federais ou estadual diante da crescente e impune agressão que as comunidades indígenas vem sofrendo na busca do direito básico e moral da demarcação das Terras.

Como reage o cidadão sul-mato-grossense ao ouvir a canção de Almir Sater, Sonhos Guarani.

Mato Grosso do Sul se orgulha de seu Pantanal, do boi verde e de suas gentes, entre as quais, a segunda maior população indígena do País.

Porém, carrega consigo a vergonha de ser o Estado que mais viola os direitos dos povos indígenas inclusive com o registro de vários assassinatos sem solução.

As formas utilizadas pelo inimigo da paz no campo e dos povos indígenas são quase idênticas seja contra o pequeno agricultor, o trabalho escravo, os Guarani, Terena e Kaiwá que mesmo com direitos reconhecidos vivem sob o medo e tensão diante da violência, discriminação, desrespeito aos valores humanos e a certeza até hoje, da impunidade.

O Governo Federal é o responsável pela demarcação das terras e pela proteção dos direitos indígenas.

A Justiça brasileira principalmente a de Mato Grosso do Sul também tem sua cota de responsabilidades e
deve através de suas instancias coibir sob qualquer argumento a violação dos valores humanos indígenas, individual ou comunitária, corrigindo possíveis enganos ou desacertos e assim, a discriminação e a intolerância.

Mas cabe ao Legislativo Estadual ou Federal regulamentar sem qualquer protelação política, a garantia dos recursos orçamentários e legais para a segurança dos indígenas como povos originais, dos camponeses ou fazendeiros pois é nisso que está a chave do respeito mútuo, da paz e da qualidade de vida com que todos sonhamos.

Nós Povos Indígenas temos orgulho do Mato Grosso do Sul. Foram nossos antepassados que receberam gente de todos os Povos como árabes e judeus que até hoje vivem em conflito em suas terras, para convivermos juntos como irmãos brancos e negros.

Sabemos das responsabilidades constitucionais de cada setor governamental, mas não podemos continuar com esse clima de medo em nossas aldeias que clamam por justiça. Não devemos aceitar mais a impunidade, mas exercitar um principio ético e étnico: respeito a diferença, a diversidade no direito de viver como irmão solidário, justo e lutador, mas jamais omisso!


Fonte:
(*)Articulador dos Direitos Indígenas e Membro da Comissão Brasileira da Justiça e Paz.

Índios temem que Puccinelli influa em laudo pericial do caso Nisio

Há um temor entre a comunidade indígena da região de Dourados de que possa haver uma suposta interferência do governador Puccinelli no resultado das provas periciais que podem atestar, cientificamente, o que o atentado ao cacique Nisio Gomes pode ter sido fatal.

A reportagem apurou o questionamento depois da divulgação da notícia de que foi a Polícia Civil do MS, através da sua regional em Ponta Porã – e não a Polícia Federal-quem coletou as provas materiais do crime, como sangue, o chapéu, os cartuchos – e que realizou o levantamento fotográfico do local.

O material coletado foi enviado para Campo Grande, à Coordenadoria Geral de Perícias, órgão da Secretaria de Justiça e Segurança Pública do governo estadual, situado no Parque dos Poderes, próximo à Governadoria. O material está sendo examinado no Instituto de Análises Laboratoriais Forenses.

O temor dos indígenas foi expresso em contato telefônico, por uma das mais respeitadas lideranças indígenas que acompanha o caso desde o início.

A fonte, que tem receio de se revelar, afirmou quer o governador sempre demonstrou, publicamente, sua falta de respeito às comunidades indígenas do estado.

Um exemplo foi a expressãode Puccinelli, em agosto deste ano, em Dourados: “Dá papinha pro índio, dá comida pro índio, dá camisinha [sic], camiseta pro índio, dá kit escolar pro índio, dá escola, dá casa pro índio, agora vai ter que trocar pro índio também?”

Outro exemplo de manifestação de Puccinelli ocorreu em um seminário na Assembleia Legislativa, em maio deste ano, que provocou a reação do deputado Pedro Kemp:“Puccinelli quis jogar para a plateia, falou o que os fazendeiros queriam, desrespeitou os índios e o presidente da Funai, enfim, o discurso dele não contribuiu em nada. Pelo contrário, envergonhou o nosso Estado”.

No entanto, é preciso ressaltar que peritos profissionais e sérios nunca conduzem investigações criminais para atestar um “laudo encomendado”. Além disso, a presença da PF é constante no caso.

Em relação ao caso Nisio, a fonte indígena revelou um dado ainda não comentado - que muito sangue saiu da área frontal do rosto e do tórax do cacique, segundo ouviu de filho, Valmir Cabreira – que foi levado pela Funai para local ignorado.


 
PF afirma que não está vazando informações da perícia

Oficialmente, a assessoria de imprensa da Polícia Federal informou a pouco, por telefone, do local do crime, que não está fornecendo detalhes oficiais das investigações para nenhum veículo de comunicação.

O assessor ainda informou que o encontro de cartuchos não letais –balas de borracha, que também provocam sangramentos, principalmente na cabeça, não exclui a possibilidade do uso de outras armas letais - cuja munição teria sido se alojado como corpo do cacique, ou recolhidas depois dos disparos, em caso de cartuchos.

Ou mesmo a execução do cacique em outro lugar desconhecido. A informação diz respeito a versão de que o cacique poderia estar vivo.

Se cacique não tivesse sido removido do local, com em casos anteriores de mortes de indígenas na região, tudo seria mais fácil de esclarecer.


Chapéu que era do cacique está lacrado, segundo PF

Notícias da região informam que a perícia questiona o fato do chapéu do cacique Nisio não conter sangue, versão negada, oficialmente, porque o chapéu está lacrado, segundo o assessor da PF.

Também foi comentado o fato da perícia da Policia Civil estar procurando saber se o sangue encontrado no local é humano –que se não for atestado com clareza, colocará muitos pontos de interrogação no caso.Hoje, peritos da Polícia Federal e da Policia Civil fizeram mais um pente fino no local do atentado, à procura de mais vestígios do uso de armamentos letais.


MPF vai abrir ação penal em outros casos de sumiços de corpos

O Ministério Público Federal enviou nota informando que o assassinato de dois professores indígenas, que tem como indiciados um vereador, fazendeiros e o ex-prefeito de Paranhos, é alvo de ação penal. Na nota ainda informa que procurador da República, Thiago dos Santos Luz, que conduz o processo, critica a atuação morosa da polícia.

“Seis pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público Federal em Mato Grosso do Sul (MPF/MS) pelo envolvimento no ataque à comunidade indígena Ypo'i (Paranhos, sul do estado) e a morte dos professores indígenas Jenivaldo Vera e Rolindo Vera. Entre os denunciados estão políticos e fazendeiros da região. Eles são acusados por homicídio qualificado – sem possibilidade de defesa da vítima -, ocultação dos cadáveres, disparo de arma de fogo e lesão corporal contra idoso.

Foram denunciados Fermino Aurélio Escolbar Filho, Rui Evaldo Nunes Escobar e Evaldo Luís Nunes Escobar - filhos do proprietário da Fazenda São Luís -, Moacir João Macedo - vereador e presidente do Sindicato Rural de Paranhos-, Antônio Pereira - comerciante da região, e Joanelse Tavares Pinheiro – ex-candidato a prefeito de Paranhos.”

O MPF entende que há elementos suficientes contra os denunciados para a abertura da ação penal. Para o procurador da República Thiago dos Santos Luz, “não se pode pretender encerrar precocemente o caso e impedir o órgão acusatório (MPF) de provar as suas alegações, no âmbito do devido processo legal. Além de todo o arcabouço fático-probatório produzido durante as investigações, já bastante para autorizar a deflagração do processo penal, outras medidas estão em curso.”

Ainda segundo o procurador, “é intrigante constatar que pelo menos seis indígenas, as únicas testemunhas oculares dos fatos, em depoimentos detalhados, verossímeis e harmônicos, prestados logo após os crimes, tenham expressamente nominado e reconhecido três indivíduos que participaram direta e pessoalmente do violento ataque a Ypo´i e nenhuma delas tenha sido sequer indiciada pela autoridade policial, que concluiu o caso sugerindo o arquivamento. Pergunto-me: quantos testemunhos mais seriam necessários? Depoimentos de índios não valem nada?”.


Fonte:
23/11/2011 14:45

Comitiva da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República vistoria acampamento indígena em Amambai

Uma Comitiva ligada ao gabinete da Presidênci da República, mais especificamente a Secretária Nacional de Direitos Humanos, está nesta quarta-feira (23) em Ponta Porã, em agenda que tenta esclarecer à presidência dos fatos ocorridos na última sexta-feira (18) na região de Amambai, quando jagunços invadiram o acampamento Tekoha Guaiviry e que,segundo relatos dos indígenas guarani-kaiowá, mataram o cacique Nísio Gomes, líder do acampamento.

Representando a Ministra de Maria do Rosário, o Secretário Executivo da Secretária de Direitos Humanos da Presidência da República, Ramaís de Castro, cargo com status equivalente a de Vice-Ministro, está em Ponta Porã com equipe da pasta, sendo eles, Domingos Sávio, Procurador da República exercendo a função de Ouvidor Nacional de Direitos Humanos. Coordenadora-Geral do Programa de Proteção a Defensores de Direitos Humanos, Clarissa Jokowski, e a assessoria de imprensa da secretaria.

Durante a manhã eles se reuniram com a o coordenador regional da FUNAI em Ponta Porã, Silvio Raimundo da Silva e com o superintendente da Polícia Federal, Edgar Paulo Marcon. Ainda na tarde desta quarta-feira, a comitiva se dirige para a região onde ocorreu a ‘chacina’, nas imediações da MS-386.


Fonte:
http://www.midiamax.com.br/noticias/777112comitiva+secretaria+direitos+humanos+presidencia+republica+vistoria+acampamento+indigena+amambai.html
23/11/2011, 11:56

"O Sorriso Matado"

Relato colhido de Kuarahy, um dos participantes do ato de apoio a Guaiviry

Chegamos à beira da rodovia onde entramos para o tekoha Guaiviry por volta das 16h. Em menos de meia hora de caminhada, chegamos ao local onde eles estão acampados. O grupo está na mata, estão bem. Decidiram que vão ficar ali, porque a terra lá é deles mesmo, eles não querem sair de lá. Já é a quarta vez que eles retornam para aquela terra. O Kaiowá é assim, quando decide uma coisa, ninguém segura. Nós chegamos e fomos ver os barracos deles, o pessoal foi dançar com eles. Eles já fizeram um yvyra'i (altar) lá.

A Polícia Federal e a Funai já estiveram com o pessoal lá, mas o que falta é eles visitarem mais vezes, porque os jagunços das fazendas estão rodeando, vigiando direto. Não teve nenhum ataque até agora, mas as pessoas não estão dormindo bem, principalmente as crianças e os idosos, eles não estão tranquilos.

A decisão deles é permanecer lá. É difícil, essa é a resistência deles... Eles ficaram contentes pela solidariedade que nós fomos levar para eles.

Nós ficamos lá conversando com o pessoal do acampamento, quase duas horas. Fomos dar uma força para eles, para eles continuarem firmes na luta. Depois a gente voltou e vimos que estava cheio de caminhonetes lá, e o ônibus junto. Antes de a gente chegar na estrada, pra pegar o ônibus, eles o levaram na direção de Ponta Porã. Estava muita gente lá, quase escurecendo já. Tinha uns 20 a 25 carros e caminhonetes lá em volta do lugar onde ele estava parado antes. Eles se juntaram mesmo.

Duas horas

Daí prenderam o ônibus por quase umas três horas. Nós ligamos para o motorista, mas nada. E nós ficamos lá, na beira da estrada. Daí de repente chegou um monte de fazendeiros e ficaram perguntando o que a gente estava querendo. Falamos para eles que nós apenas fomos visitar o pessoal lá, ver como estava a situação deles. Eles pensavam que nós íamos invadir e ficar lá. O pensamento deles era esse. Nós estávamos todos pintados, com flechas.

Nós explicamos para eles que só tínhamos ido em solidariedade, em apoio aos parentes que estavam lá. E aí pressionamos para que liberassem o ônibus, nós só queríamos ir embora, não estávamos lá para fazer nada.

O que nós percebemos era que eles estavam querendo identificar todos que estavam lá. Rodearam a gente com os carros, ligaram os faróis. Só que a maioria que está lá não tem mais medo...

Toda hora eles ficavam perguntando quem eram as nossas lideranças.

Colocaram várias cachaças suspeitas no caminho, certamente achavam que nós íamos beber. Também deixaram duas marmitas na estrada. Nós deixamos tudo lá. Podíamos ter trazido, mas com o desespero... Naquele momento a gente não pensou nisso, teria sido bom trazer mesmo para ver o que tinha nas garrafas. Cortaram tudo as mangueiras do ônibus também.

Eles falaram para que nós saíssemos da entrada, pelo menos uns 200 metros. O medo dele era a gente pegar as sacolas no ônibus e entrar na mata. Eles queriam prender alguém, pegar alguém que fosse o responsável. Foi difícil, mas nós conseguimos sair e voltar para casa.

Mas nós não éramos de uma só aldeia, éramos um movimento de solidariedade. Nós estamos lutando, resistindo, lutando pela terra, e essa luta vai continuar, essa é uma decisão que todos os Guarani-Kaiowá tomamos. Nós resolvemos fazer essa visita lá nos eventos que fizemos no Ita'y e no Laranjeira (Encontro de Acampamentos e Jeroky Guasu, poucos dias antes).

Foram umas quase duas horas que eles ficaram impedindo que a gente fosse embora. Eles jogavam farol para tentar nos identificar. A sorte é que o pessoal estava tranquilo lá, o pessoal não tinha ido lá para brigar, tinha ido só para fazer a visita. Mas eu acho que talvez eles queriam que a gente fizesse alguma coisa para eles poderem reagir...

Luta pelo que é nosso

Isso é do nosso movimento, nós estamos lutando pelo nosso direito, pelo que é nosso. O objetivo de visitar lá era mostrar que nós queremos dar um basta à violência! E mostrar que estamos resistindo! Isso é que é importante, não foi só uma liderança, não foi só o Guaiviry que decidiu isso. Existem outras áreas que estão na mesma situação, nós estamos somando nossas forças.

Ninguém vai fazer por nós, somos nós mesmos que temos que fazer. Como nós vemos lá, o Guaiviry, o pessoal está resistindo, estão dizendo que vão permanecer lá, apesar do perigo, da dificuldade, da falta de atendimento. Essa é a decisão deles, e a decisão de cada um que está numa retomada hoje: Ypo'i, Kurusu Amba, Pyelito. Isso é o que de fora as pessoas têm que ver.

Quando a gente decide, para quem está de fora, pode parecer arriscado, mas ninguém nos segura!

Por enquanto, lá no Guaiviry, ainda não houve nenhum ataque. Uma pessoa nos contou que quase encontrou com um pistoleiro enquanto estava andando pela mata. Esse é o perigo que eles estão passando. No momento, não estão sendo atacados, mas nunca se sabe...

Nós temos a informação de que os fazendeiros estão usando outros indígenas para identificar as pessoas que estão lá e tentar convencê-los a sair e voltar a acampar em alguma outra área. Os fazendeiros estão dando dinheiro a essas pessoas, que são conhecidas lá na região. Disseram também que já foi um secretário da Prefeitura de Aral Moreira lá.

Alguma comida eles têm, mas a questão da assistência à saúde, sabe como é, eles dificultam tudo. A preocupação maior é com as crianças.



Fonte:
Por e-mail
Egon Eck

“Índios se tornaram os novos judeus”, diz carta de estudantes da UEMS de Amambai

Uma carta escrita por acadêmicos indígenas dos cursos de Ciências Sociais e História da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul) e moradores da aldeia de Amambaí, começou a circular por email. A carta, que não tem endereçamento, ou seja, é aberta à sociedade, relata de forma clara e contundente a maneira como se sentem os indígenas Guarani e Kaiowá da região.

Na carta os indígenas relatam como se deu o atentado que tirou a vida do líder Nísio Gomes, nesta sexta-feira (18), pedem união e justiça, mas afirmam que “o estado, os políticos e a sociedade são cúmplices dessa violência quando eles não falam nada, quando não fazem nada para isso mudar” e que “os índios se tornaram os novos judeus”.

Os acadêmicos afirmam que os relatos sobre a morte de Nísio, partiram de um jovem que estava no acampamento Tekoha Guaiviry e que de cima de uma árvore, após o início de um violento tiroteio, viu a morte da liderança. “Ele contou logo em seguida. Ele ligou chorando muito. Ele contou que chutaram o corpo de Nísio para ver se ele estava morto e ainda deram mais um tiro para garantir que a liderança estava morta”, afirma a carta.

Eles continuam o relato: “Ergueram o corpo dele e jogaram na caçamba da caminhonete levando o corpo dele embora”. Na carta eles dizem que os pistoleiros entraram no acampamento em fila já chamando por Nísio. “Quando Nísio é visto, recebe o primeiro tiro na garganta e com isso seu corpo começou a tremer. Em seguida levou mais um tiro no peito e na perna. O neto pequeno de Nísio viu o avô no chão e correu para agarrar o avô. Com isso um pistoleiro veio e começou a bater no rosto de Nísio com a arma”, relatam.

Segundo eles, mais duas pessoas teriam sido assassinadas, sendo que outras foram alvejadas, mas sobreviveram. Eles contam que as pessoas gritavam e corriam de um lado para o outro, tentando fugir e se esconder no mato. Com isso, algumas se jogavam de um barrando que tem no acampamento, sendo que um jovem ao fazê-lo quebrou sua perna e teve de ser escondido pelos outros em baixo de galhos de árvore para não ser morto.

A indignação dos indígenas é latente no relato: “Afinal, o que é o índio para a sociedade brasileira? Vemos hoje os direitos humanos, a defesa do meio ambiente, dos animais. Mas e as populações indígenas, como vem sendo tratadas?”.

“As pessoas que fizeram isso conhecem as leis, sabem de direitos, sabem como deve ser feita a demarcação da terra indígena, sabem que isso é feito na justiça. Então porque eles fazem isso? Eles estão acima da lei?”, questionam.

Eles lembram que o Estado de MS é o primeiro em número de violência contra os povos indígenas e que, na visão deles, “parece que o Mato Grosso do Sul se tornou um campo de fuzilamento dos povos indígenas. Prova disso é a execução do Nísio”.

“Os índios vivem com medo, medo de morrer. Mas isso não aquieta a luta pela demarcação das terras indígenas”, afirmam em frases que lembram as palavras do líder Marçal de Souza, Tupã I, pouco antes de ser assassinado em 1983: “Sou uma pessoa marcada para morrer, mas por uma causa justa a gente morre...”.

Eles terminam a carta/relato, dizendo que Ñandejara (Deus em guarani) está do ‘lado do bom’ e que certamente fará justiça. “Quem faz a justiça final é ele. Se a justiça da terra não funcionar a justiça de deus vai funcionar”, finalizam os acadê icos.



Fonte:

Assassinato de líder indígena toma as páginas de sites no Brasil e no Mundo

O assassinato de Nisio Gomes, líder indígena da etnia Guarani-Kaiowá do Tekora Guaiviry, na região de Amambai, no sul do Estado de MS, teve repercussão muldial, já nesta sexta-feira (18). Após o site do CIMI – Conselho Indigenista Missionário – estampar o assassinato do indígena a repercussão em sites brasileiros como Carta Capital, Brasil de Fato, Globo e Estadão, repercutiram a notícia.

Mais tarde, sites internacionais como o da entidade internacional de luta em defesa dos povos indígenas, Survival International, deram lugar em suas capas para noticiar a brutalidade com que o líder foi assassinado, apontando que o indígena foi morto na frente de sua comunidade. A Rádio Vaticano também noticiou o fato.

Já o site da BBC, em sua página sobre a América Latina destaca, com o título "Brazil indigenous Guarani leader Nisio Gomes killed", que os conflitos de terra entre indígenas e fazendeiros no Brasil é comum, mas afirma que os conflitos tem se intensificado: “O grupo sofre uma grave escassez de terra no Brasil, que piorou como o ‘boom’ na agricultura, o que tem levado agricultores e pecuaristas de estender suas explorações”.

Com o título “Masked gunmen attack Brazilian Indian leader in shock execution”, o site do Survival International afirma que a liderança ‘religiosa’ indígena Nisio Gomes, chamado de ‘Xaman’ (guia espiritual indígena) na matéria, era o alvo principal dos jagunços. Eles reproduzem a fala de um dos indígenas: “Vieram matar nosso lider”.

O site relaciona a morte de Nisio a outro caso, como afirma a entidade, ‘muito parecido’ com o de outra liderança, o indígena Marcos Verón, assassinado na frente da filha em janeiro de 2003, na fazenda Brasília do Sul, em Juti, também no sul do Estado.

Na ocasião, quatro homens armados efetuaram disparos contra os índios, além de os espancarem e ameaçarem. O ataque, cujo objetivo era expulsar o grupo da área ocupada, resultou na morte do cacique Marcos Veron na época, com 72 anos.

O Diretor da Survival International, entidade de defesa dos povos tradicionais no mundo, Stephen Corry, fez um alerta: “parece que os fazendeiros não estarão satisfeitos até matarem todos os Guarani. Este nível de violência contínua era comum no passado e resultou na extinção de milhares de grupos e sociedades indígenas. É uma absoluta vergonha que o governo brasileiro permita que esta violência continue nos dias atuais”.

O site posta junto da matéria o depoimento da filha de Marcos Veron, recém-formada em licenciatura indígena na UFGD, a guarani-kaiowá, Valdelice Veron.



Fonte:
18/11/11, 19h20

Testemunha envolve 'carro de chapa branca e fardados' em morte de líder indígena no MS

A reportagem do Midiamax entrevistou o filho de Nisio Gomes, líder indígena executado por um bando fortemente armado na manhã de ontem, 18/11, no acampamento Guarani-Kaiowá, que fica entre fazendas da região de Ponta-Porã e Amambai.

Valmir Gomes forneceu as mesmas declarações que à Polícia Federal de Ponta Porã, que são reproduzidas aqui. Ele afirma que alguns dos pistoleiros encapuzados que dispararam contra cerca de 520 índios tinham roupas com detalhes que lembravam militares. E uma das caminhonetes possuia chapa branca.

Além disso, o líder conta que três crianças foram sequestradas pelos bandoleiros, também paraguaios.

O assassinato do líder, que teve o corpo carregado pelo bando, que forma uma força paramilitar na região, teve repercussão nacional e internacional.

Reportagem - Como começou o tiroteio?

Valmir -Nas 6.25 horas eu olhei do outro lado, eu vi umas sete pessoas. E no meio, o paraguaio chamado Paulo Recarte(?), ele é um camisa amarela, mesmo. Ai falou assim: “Depois quando chegaram ai no acampamento, “tiro, tiro, tiro” – falando assim. Aí que o pai já falou “tiro, tiro, tiro mesmo”... aí ficou doido meu pai, depois eu também, depois caiu o meu pai, mesmo.

R - Você viu o seu pai morto?
V - Mas viu, viu na minha cara mesmo, pegou talho na cabeça, outro na face e outro na perna – calibre 12.

R - Quem foi que atirou no seu pai?
V - O pistoleiro, mesmo. Tudo pistoleiro do fazendeiro, aí.

R - Eles são ligados a que fazendas?
V - Tem fazenda Chimarrão, Querência,tem Ouro Verde, também.

R - Depois que atiraram no seu pai, o que fizeram?
V - Depois que atiraram no meio pai aí, carregaram no Toyota Hilux, cor prata. Depois de colocar, falaram assim: “eu não falei pra matar”, falou assim aquele paraguai, na língua deles, falando em guarani, na língua deles, falando. Aí que o papai já estava na caminhonete, depois “queimaram o foguete”. Depois, seguimos atrás das caminhonete. Na última caminhonete, uma caminhonete Ranger, cor verde ou azul escuro,tinha um símbolo de “gavião” mesmo, um símbolo de gavião mesmo. Aquele homem igual que o oficial, oficial de quartel, mesmo. Ai outro vestiu de camisa de soldado, soldado mesmo, tem símbolo na (....) o chapeuzinho tem símbolo, mesmo, tudo lá. Escondeu as placas com papelão, só que uma caminhonete Ford Ranger é chapa branca, chapa branca.

R - E você já falou isso para a Polícia Federal? (de Ponta Porã)
V- Já, já falei a ocorrência com meu pai, na Polícia Federal.

R - Você acha que além do seu pai, tem mais vítimas?
V - Temos, temos, temos. Levaram uma menina de 12 anos, um rapaz de 12 anos, e uma criança de 5 aninhos.

R - Levaram como?
V -Levaram junto com o corpo do meu pai.

R - Na caminhonete?
V - Na caminhonete Hilux, cor cinza.

R - E essas pessoas estavam feridas?
V - Não, não estavam feridas, eles estavam chorando rodeando junto com o corpo do meu pai e aí pegaram.

R - Não apareceu até agora?
V - Até agora não apareceu mesmo, e o corpo do meu pai, eu queria ver o corpo do meu pai.

R - E eles atiraram no seu pai ou atiraram em todo mundo(cerca de 520 pessoas)?
V - Atiraram em todo mundo, só que não acertaram tava tudo no meio do mato, mesmo.

R - O que você vão fazer agora?
V - Agora eu vou juntar mais gente, a não vai sair mais.

R - E se esse povo vier de novo?
V - Se esse povo vem, ah.. agora que nós vamos fazer (.?..) tá ferrado, mesmo.



Fonte:

Lideranças indígenas vão ao local onde 'chacina' foi cometida; ASSISTA O VÍDEO

O vereador indígena de Caarapó, Otoniel Ricardo (PT), representando o Conselho Continental Grande Povo Guarani, juntamente com as lideranças indígenas Valdir Turiba, 'Zezinho' do conselho Aty Guaçu e Eliseu Lopes, representante da Apib (Articulação do Povo Indígena do Brasil), acompanhados do antropólogo Tonico Benites, da consultoria indígena do MEC, se dirigem neste momento para a região de Amambai.

O grupo deve acompanhar o caso do assassinato da liderança Guarani-Kaiowá Nizio Gomes, que teria sido morto por milícia de fazendeiro na região da fronteira. O indígena liderou a reocupação do Tekoha Guaiviry, que está sub júdice, depois de firmado TAC (Termo de Ajuste de Conduta) entre Ministério Público Federal, FUNAI (Fundação Nacional do Índio) e lideranças indígenas.

A Polícia Federal e a Força Nacional baseada em Ponta Porã, também se deslocam para o região do Tekoha Guaiviry, onde já esta Funai conforme informações obtidas pelo Midiamax.


Chacina

Na manhã desta sexta-feira (18), por volta das 6h, a ocupação índigena Tekoha Guaiviry foi atacada por cinco camionetes com um grupo de homens fortemente armados, três dos quais trajando uniformes militares, abriram fogo contra os índios acampados. As informações são de que Nizio Gomes, líder da aldeia Guarani-Kaiowá de Amambai, uma criança e uma mulher foram mortos, seus corpos carregados e camionetes e levados do acampamento para um local desconhecido.


A ocupação

Os índigenas da etnia Guarani-Kaiowá que estavam assentados na beira da rodovía BR-163 retomaram recentemente as terras após realizar o Aty Guaçu, grande reunião de lideranças da etnia, na quarta-feira (16), um ato de solidariedade ao grupo de Guaiviry. Segundo informações, depois da visita ao local, o ônibus dos indígenas foi retido por fazendeiros armados, sendo liberado após várias horas de negociação com os indígenas.

A área em disputa faz parte de um TAC (Termo de Ajuste de Conduta) assinado em Brasília, entre o Ministério Público Federal, a Funai e todas as lideranças indígenas da região, em novembro de 2007.

O TAC prevê a retomada dos “Tekoha”, a área tradicional originária de cerca de 39 comunidades indígenas, expulsas da terra, remotamente, por fazendeiros que ocuparam a área.

Assista ao vídeo em que os índios denunciam o massacre:

MOÇÃO DE REPÚDIO CONTRA A VIOLÊNCIA - ANPUH - MS

Marçal Guarani, Durvalino, Marcos Verón, prof. Rolindo Vera, Prof Genivaldo, Lísio Gomes... presentes!

Há mais de 28 anos assassinatos, episódios de violência física, linguística, política e econômica contra os povos indígenas de Mato Grosso do Sul seguem impunes. Esses episódios estão muito bem documentados segundo critérios acadêmicos por diversos historiadores em dissertações, teses e em Centros de Documentação Indígena, disponíveis para consulta pública nas universidades públicas e comunitárias em Mato Grosso do Sul.

Muitas pesquisas históricas indicam que os indígenas foram expulsos das terras à medida que os conquistadores chegaram e, posteriormente, fazendas foram implantadas, florestas desmatadas, impondo mudança dos índios para outras localidades. Esses conflitos atuais estão relacionados à tentativa dos índios em retomar o espaço que lhes pertence.

Tragicamente, essa expropriação, ancorada por preconceitos engendrados desde a chegada dos portugueses e espanhóis para justificar a colonização, encontra respaldo e aumenta com a impunidade cuja mensagem nos parece clara: a vida de um índio pouco vale.

Diante da denúncia do assassinato e desaparecimento do corpo do cacique Nísio Gomes na última sexta-feira (18), em Guaviry, Aral Moreira, MS, a Associação Nacional de História, seção MS, vem a público fazer coro e apoiar o clamor dos Kaiowá e Guarani às autoridades para que ajam frente à

Campo Grande, MS, 23 de novembro de 2011.s verdadeiras milícias que, a despeito do Estado, seguem agindo na região.


Fonte:

NOTA DE REPÚDIO - COMISSÃO REGIONAL DE JUSTIÇA E PAZ – CNBB Oeste 1

Diante do lamentável fato ocorrido hoje na área do acampamento GUAIVIRY, localizado entre Amambai e Ponta Porã, vimos manifestar a nossa indignação e repúdio por mais esse ato de violência cometida contra nossos irmãos indígenas.

A morte do líder indígena kaiowá –guarani, cacique Nizio Gomes , põe às claras a situação de abandono e vulnerabilidade em que se encontram os povos indígenas em nosso Estado. O crime premeditado e executado por dezenas de pistoleiros fortemente armados se mostra como resultado da histórica omissão do poder público, a que não podemos ficar calados ou indiferentes.

Diante da barbárie ocorrida no Tekoha Guaiviry na madrugada de hoje o povo sul-mato-grossense, com raízes culturais e religiosas que rejeitam a violação de direitos humanos, especialmente dos mais desprotegidos, clama por justiça.

Espera-se que o clamor popular provoque uma reação imediata e firme das autoridades contra os mandantes do massacre, acabando com a situação de impunidade que vem reinando em nossa região. Esperamos que a “lei do mais forte” não impeça a ampla divulgação do acontecido, para que a população conheça a verdade. Que seja dada resposta à indagação de Deus: “o que foi que você fez? Ouço o sangue do seu irmão clamando da terra por mim” (Gn 4,10).
 
Manifestamos também nossa solidariedade com as famílias das vítimas, mortos, feridos e desaparecidos que sofreram esse bárbaro ataque.



Campo Grande, 18 de novembro de 2011.
Secretária executiva
Comissão Regional de Justiça e Paz